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segunda-feira, 9 de março de 2015

Espaço livre para hackers





Espaço livre para hackers



CÍNTIA WARMLING Leitura de 4 minutos
Em: Iniciativas disruptivas


Para os Matehackers, a tecnologia está aí para nos servir, e podemos aprender a fazer isso. É o que acontece nesse hackerspace. Apesar do nome lembrar algo específico para quem possui conhecimentos avançados em informática, o Matehackers de Porto Alegre propõe um espaço de troca de conhecimento e incentivo a projetos criativos disponível para qualquer pessoa. Mais do que um local de desenvolvimento de projetos tecnológicos, o local desenvolve oficinas e recebe qualquer um interessado em integrar o grupo.
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Hackerspaces são lugares físicos onde pessoas com interesse em tecnologia se reúnem para trocar conhecimento.

A ideia começou há quatro anos, quando o estudante alemão Raphael Reklats fazia intercâmbio em Porto Alegre. Ele participava de um hackerspace em Berlim, e foi surgindo a vontade de montar um espaço semelhante na capital gaúcha. Como o nome já revela (space significa espaço em inglês) um hackerspace é um lugar físico onde é possível desenvolver projetos principalmente relacionados com tecnologia. É um local que oferece, além de ferramentas, a troca entre os participantes. Segundo Joel Grigolo, que participa do grupo há dois anos, o Matehackers conta hoje com cerca de 200 participantes, ainda que nunca tenha se reunido todos. A formação dos integrantes é variada, desde pessoas ligadas à informática e engenharia da computação à sociólogos, historiadores, e mesmo pessoas sem formação superior. A idade também varia de 17 a 50 anos, para participar basta ter vontade. “Todo mundo é Matehacker, só não sabe que é ainda” afirma Joel.

matehackers4Um dos projetos desenvolvidos no espaço envolveu o resgate de computadores antigos e a reforma desses aparelhos. Em 2013, um dos membros foi procurado por uma empresa, nela havia uma quantidade enorme de computadores que não eram mais utilizados. Os aparelhos foram analisados e restaurados no hackerspace e posteriormente doados a uma aldeia indígena em Viamão. “Foram cerca de dez computadores que a gente espera que se transformem em ferramentas de inclusão” explica Joel. Também foram doados aparelhos a orfanatos e projetos sociais vinculados à empresa. Ainda assim sobraram vários computadores usados. O Matehackers quer agora reformular o projeto e não apenas doar, mas também acompanhar como os aparelhos estão sendo utilizados.

O papel social do Matehackers vai além da doação de aparelhos restaurados; eles querem dar suporte aos usuários que recebem as doações.

Outro trabalho realizado dentro do Matehackers foi o desenvolvimento de um site, através de dados da prefeitura de Porto Alegre, mapeando todos os locais de coleta de resíduos que não podem ser descartados junto com o lixo comum, como óleo de cozinha, pilhas, eletrônicos e até colchões e latas de tinta. É só acessar o site, digitar o tipo de dejeto e localizar onde é o ponto de coleta mais próximo.

matehackers3Joel também explica que o Matehackers defende como o conhecimento é um direito básico da sociedade. “Para nós todo e qualquer conhecimento deveria ser livremente disseminado. O acesso ao conhecimento deveria ser universal”, explica. Isso inclui o conhecimento sobre tecnologia e aparelhos. Atualmente os consumidores devem se adaptar a um eletrônico que compra, quando deveria ser o contrário, o produto adaptar-se ao usuário. O grupo oferece oficinas gratuitas que ensinam como desenvolver e adaptar esses dispositivos e mesmo desenvolvê-los para diversos fins.

Para o pessoal do Matehackers, conhecimento é um direito básico da sociedade.

Entre tantos projetos realizados o único do qual participam todos é o principal de um hackerspace: o espaço físico em que ele se localiza. Recentemente o Matehackers se mudou de um prédio comercial para o Vila Flores, um local em reforma cuja proposta é ser um centro de cultura, educação e negócios criativos. Como explica Joel, além da sala ser maior, a vizinhança no novo espaço tem propostas muito mais semelhantes o que o antigo local. O Matehackers não tem fins lucrativos, e o aluguel do local é pago através de doações dos próprios membros e algumas oficinas, ainda que eles também ofereçam diversas oficinas gratuitas.

Fotos: Cíntia Warmling

Publicado em 3.03.2015
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Cíntia Warmling
Cíntia Warmling
Jornalista, apaixonada por fotografia, dança, arte e teatro. Um apetite imenso por muita coisa (principalmente chocolate). Tenho essa mania de querer aprender tudo que puder sobre todas as coisas que conseguir. Viajante, com os pés e olhos abertos ou só com os olhos fechados. Tento me guiar por sonhos gigantes, expectativas moderadas e necessidades pequenas.

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